terça-feira, 24 de março de 2015

Herberto

Morreu Herberto Helder, um dos grandes da poesia portuguesa.
Falamos de um autor que conhecemos pelo que escreveu e nunca pelo que disse. O que é de louvar, num meio literário cada vez mais dotado de espetáculo e menos de literatura.
Convém não esquecer que foi um autor que nunca pensou nos seus leitores. Isto é, ao exigir às editoras edições únicas das suas obras, isto fez que estas voassem das livrarias sem chegar às mãos de quem gosta de ler as suas palavras. Isto tem tanto de verdade como de mentira. Porque os seus leitores existem. Mas existem depois de comprar os seus livros ao triplo do preço, em mercados de segunda mão.
Dito isto, fico duplamente triste. Triste pelo vazio da sua partida e também pelo marketing que se estava a gerar em torno da sua próxima obra. Pelos vistos, o novo livro não seria de edição limitada. Porém, assim que o leitor terminasse o livro, este autodestruir-se-ia como as mensagens da série "Missão Impossível".
O funeral realiza-se amanhã e tem um número limitado de pessoas que podem prestar a sua homenagem. O corpo encontra-se, a partir desta tarde, em câmara ardente durante 8 segundos e, após os quais, segue-se uma sessão de leitura de poemas de Manuel António Pina, só porque não se encontraram livros do próprio Herberto nas livrarias do país.
Deixo-vos com uma foto de um fã, publicada aqui há uns meses, porque um javali também tem sensibilidade, caralho!
Até sempre, Herberto!


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