domingo, 14 de junho de 2015

Eu também já estive no Jurassic Park

Esta semana estreou nos cinemas "Jurassic World" e lembrei-me da altura em que estreou o original "Jurassic Park". Andava no 9º ano e toda a gente tinha a puta da mania que percebia bué sobre dinossauros. Ou como se dizia na altura, dinossáurios.
Lembro-me de uma visita de estudo ao Jardim Zoológico de Lisboa para ver uma exposição temporária de dinossáurios de plástico. Lembro-me pouco disso, até porque na altura tinha apenas 3 interesses inalcançáveis: miúdas, ser um músico famoso e, ao mesmo tempo, ser arqueólogo à laia de Indiana Jones. Digamos que o tempo que passava em auto-satisfação limitava-me imenso o tempo para procurar os meus interesses. Mas gostava muito de imaginá-los. Sobretudo, o primeiro. No campo da imaginação, era um Sá Leão com classe, ou não estivesse prestes a acabar o 9º ano.
Voltando ao Zoo, recordo perfeitamente de como era e como estava vestido. Tinha o cabelo à Kurt Cobain, fazia aquele ar de miúdo perturbado e depressivo, como só os miúdos brancos suburbanos conseguem fazer, para mostrar que têm profundidade; tinha uma t-shirt dos Sepultura com a capa do álbum "Chaos A.D." estampada, calças de ganga justas e umas sapatilhas Air Walk. Era um alternativo chic, portanto.
Como adolescente bué fora, tinha a mania que gostava apenas de animais exóticos e achei que devia passar o dia no reptiliário, só porque tinha um póster do Slash com uma cobra píton à volta do pescoço. Assim foi, mais ou menos. Entrei no reptiliário com duas miúdas que também se achavam muito complexas porque as músicas dos Doors eram sobre elas, apesar de terem sido escritas 20 anos antes de terem nascido.
E o que aconteceu foi o seguinte: fui directo à vitrina onde estava a cobra naja real, aquela que faz o Indiana Jones borrar-se de medo nos "Salteadores da Arca Perdida", bati no vidro porque as regras a mim não se aplicavam e também eu me tornei numa espécie alternativa de Indiana Jones. A cobra respondeu, levantou o pescoço e atacou o vidro. Literalmente, larguei uma pinguinha de xixi nas cuecas, guinchei de medo e saí a correr do reptiliário.
Escusado será dizer que passei o resto do dia sozinho, com uma mancha ignóbil nas calças, fui ver os koalas e andar de gaivota no lago, enquanto comia um pãozinho com Tulicreme que a minha mamã me preparou para o lanche. Tudo isto para dizer que não gosto muito do "Jurassic Park" e não vou ver o novo filme.

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