quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Regresso ao Futuro


Eh pá, parem lá de falar do Regresso ao Futuro, até porque eu quero falar de coisas importantes: a minha visão sobre o Regresso ao Futuro.

Por outro lado, é fixe ver que muitas pessoas falam do filme, só para mostrar à minha mulher que não é uma cena só minha e que ver a trilogia, pelo menos três vezes ao ano, é perfeitamente normal e não é preciso chamar nomes, nem agredir fisicamente.

Quando estreou o primeiro filme, em 1985, eu tinha 6 anos e uma grande sorte: os meus pais tinham um bar dentro de um cinema. O que quer dizer que, por um lado, via os filmes que queria vezes sem conta e, por outro, era uma época em que se fumava abundantemente em salas pequenas e se usava alcatifa até nas paredes, o que quer dizer que posso muito bem ter problemas respiratórios irreparáveis. Ainda assim, não o trocava por poder ter visto inumeráveis vezes o Regresso ao Futuro, Os Salteadores da Arca Perdida, os Caça-Fantasmas e o Rambo III.

O cinema em questão chamava-se 2002 e também este remetia para uma data futura que parecia inalcançável. No entanto, veio a revelar-se não o nome do cinema, mas a sua data de validade. Fechou em 2001.

O 2002 traz-me boas memórias. Foi aqui que vi filmes icónicos dos anos 80, mas foi também onde senti a minha primeira e imberbe erecção - pelo menos, ficou-me na memória. Foi durante um ciclo de cinema europeu, que entrei ao engano e deparei-me com uma senhora no banho e possuía uns seios diferentes dos da minha mãe. A reacção foi imediata. Não me lembro do nome do filme, apenas dos seios da senhora. Foi também à porta deste cinema que eu e a minha mulher nos beijámos pela primeira vez, depois do visionamento do "Jerry Maguire". Ainda hoje me pergunto se fui eu que preparei bem o terreno ou se foi o Tom Cruise. De qualquer das formas, obrigado Tom.

No fundo o 2002 medeia as minhas erecções: as inconsequentes, as emocionais e as consequentes. O "Regresso ao Futuro" entra nas emocionais. Quero lá saber se o filme é bom tecnicamente ou não. Diz-me muito sentimentalmente, como o Rambo ou o Comando, mas este ainda mais. As repetições, as personagens tão bem trabalhadas, a história e o futuro.

O futuro do "Regresso ao Futuro" é hoje. Não é igual ao retratado, podemos até dizer que é um pouco tremido, um pouco como o quotidiano do Michael J. Fox, mas é, acima de tudo, real. E digo real porque o futuro do "Regresso ao Futuro" reside ainda no futuro; reside na alegria de ver a minha filha mais velha a gostar do filme como se fosse do tempo dela, o que mostra que este futuro não é de 21 de Outubro de 2015 - é intemporal.

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