sábado, 15 de agosto de 2015

Pasquim #3

"Quem compra o Expresso, não tem por si qualquer apreço", já diz o povo. E toda a gente sabe que o povo, com excepção daquele que é mais lerdo, tem toda a razão.

Dito isto, fica aqui mais uma edição do PASQUIM D'O JAVALI, com as notícias mais importantes da semana:

A COLIGAÇÃO DO PSD/CDS RESPONDE À LETRA AO PS E PRODUZ UMA BELA CAGADA PUBLICITÁRIA

Como se não bastasse os cartazes mentirosos do PS, o PSD/CDS conseguiu estabelecer um rival à altura, utilizando um banco de imagens como fornecedor das fotografias dos seus cartazes. Ao que o PASQUIM conseguiu apurar junto dos dirigentes dos partidos e da empresa publicitária responsável, trata-se de uma manobra coerente com os estatutos dos partidos.
Em primeiro lugar, recorrer a um banco sem que ninguém saiba faz parte da história de ambos os partidos e "trata-se de uma história que deve ser constantemente relembrada e respeitada".
Em segundo lugar, procurou-se portugueses sorridentes com o trabalho do Governo e foi de todo impossível, uma vez que Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Dias Loureiro estavam indisponíveis no dia da sessão fotográfica.
Em terceiro lugar, no banco de imagens em questão, as pessoas são procuradas não pelo nome, mas por números, o que faz todo o sentido num governo que pratica a austeridade como o Javali praticou (pretérito, ok?) a masturbação na época do Baywatch.

A INFLAÇÃO CRESCE MAIS NAS ESCOLAS DO QUE NO PAÍS

Soube-se esta semana que há escolas que inflacionam as notas como chamariz de novos alunos. Ora, esta só é uma notícia porque estamos na 'silly season'. Estamos em 2015 e ainda há pais que confundem "pagar mais equivale a melhor educação" com "pagar mais equivale a mais educação (wink, wink!)". O seu slogan devia ser: "És burro mas o teu pai tem dinheiro? Medicina é o teu caminho!"

FEIRA GASTRONÓMICA TERMINA EM TRAGÉDIA

Uma notícia de cariz local. Está a decorrer a Feira Gastronómica do Furadouro. O vosso querido repórter visitou ontem, com efeitos nefastos para a sua pessoa. O que sucedeu foi que, durante o jantar o Javali esteve sentado na mesma mesa de dois casais Semi-Franceses, enquanto no palco desfilaram uma panóplia de músicas kizomba que fariam um hipster vomitar pelas unhas dos pés e, no fim, contou com uma actuação de Diogo Rafael, pedreiro de profissão, e cantor romântico nas horas livres de Agosto. A tragédia ocorreu esta manhã, quando o Javali respondeu à sua mulher com um "Oui, hã!" a uma questão relacionada com pequeno-almoço e, durante o duche, cantarolou "A única mulher" de Anselmo Ralph e "Baila P'ra Mim" de Mickael Carreira. No entanto, já tomou providências e vai passar o fim-se-semana enclausurado a ouvir uma lista do Spotify só com músicas de bandas que vão a Paredes de Coura.

Bom fim-de-semana, cambada!

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Paredes de Coura

Na próxima semana, começa mais uma edição de Paredes de Coura, aquele que é, na minha humilde (e que não aceita oposição) opinião, o melhor festival português (leia-se, mundial).
Aproveito para contar uma história, ocorrida na edição de 2000 (Yah, eu já ia a festivais há 15 anos atrás, não porque era precoce, mas porque já era adulto) que nem as pessoas que foram comigo conhecem. E qual a melhor maneira de contar segredos, senão a estranhos, por via da internet e tornar a história pública? Tem tudo para correr bem. Aqui vai.
Decorria o segundo dia de festival, o que para mim era o mais desinteressante e, quando começaram a tocar os Bad Religion, não sei se foi da música ou do abuso de caldo verde, o meu intestino entrou em convulsão. Tinha, qual Missão Impossível, 30 segundos para encontrar uma sanita, sob pena de autodestruição dos meus boxers. E da auto-estima, vá!
Deixem que vos diga que, até então, luzia a bandeira orgulhosa de nunca haver usado as sanitas descartáveis para fazer o número 2. Conseguia sempre, em época de festivais, amestrar o cocó para só sair a seguir ao almoço, num café da vila. Desta vez, não havia volta a dar.
Deixem que vos diga também que, no exacto momento em que me torci todo, estava a falar com um espécime do sexo oposto, bastante agradável ao olhar e que tinha acabado de conhecer na fila para os cachorros-quentes. Saí a correr, qual Forrest Gump, rumo à sanita.
Primeiro ponto a meu favor: não havia fila para as casas de banho. Entrei e o que aconteceu a seguir não foi bonito. Digamos apenas que as antigas descargas de esgotos para a ria de Aveiro soaram a coisa de amador face ao que eu atingi dentro daquele habitáculo.
Saí e, qual não foi o meu espanto, estava à minha espera o ser aprazível do sexo oposto, com ar de preocupada e que, aparentemente, tinha vindo a correr atrás de mim. Porém, este contentamento foi fugaz, pois lembrei-me de um pequeno pormenor, o qual verbalizei:
- Ehhhhhh, esqueci-me de limpar.
E voltei a entrar na casa de banho, para terminar o serviço. Escusado será dizer que, desta vez, ela já não estava à espera e acabei a noite a beber Yop Limão, oferta de um dos patrocinadores do festival, não sem antes ligar à minha avó do meu Alcatel Mimo TMN a dizer-lhe:
- Já não és só tu que te esqueces das coisas. Olha, eu esqueci-me de limpar o...
- Estás bêbedo! Só me ligas quando estás assim!
E desligou. Paredes de Coura é o melhor festival. Bad Religion continua a ser uma banda que associo ao... a coisas menos boas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Fogo na mata!



Entrámos na época dos fogos. Estamos naquela altura do ano em que jantamos ao som do Comandante dos Bombeiros Voluntários de Figueiró dos Vinhos, que passa férias na nossa televisão o Verão inteiro. 

Este é um texto que apela ao português que se emprega quando se fala de fogos, que fala de pirómanos e que apresenta uma saída para o problema.

Comecemos por uma lição de português. Quando vemos uma notícia de fogo, fala-se quase sempre de fogo-posto. É errado atribuir o termo ‘posto’, como se o fogo fosse um ‘posto’ que tem que ser ocupado todos os verões, como se tratasse de um nadador-salvador. Está errado! Se calhar, é por isso que a nossa sociedade trata cada vez pior os idosos. Quando dizemos que “a velhice é um posto”, podemos estar a associar inconscientemente que a velhice é igual a um fogo na mata – é mau e tem que ser eliminado. Neste último caso, Passos Coelho é bastante mais eficaz do que os bombeiros, no combate aos ´postos´.

A minha sugestão seria alterar o termo. Por exemplo, podia ser ‘fogo-colocado’. Pensando bem, este ainda seria pior. Os professores poderiam pensar que significaria abertura de vagas e seria o desastre total. O flagelo de professores não colocados é bem maior do que o de pirómanos sazonais.

Podemos atribuir um nome feio, como ‘fogo-cabrão’, ou ‘fogo mau-mau’, ou mesmo ‘fogo-lisandra’.

Passemos ao ponto dos pirómanos. Falamos de pessoas que, para além daquele problema com fósforos e bidões de gasolina, têm uma falta de educação enorme. Sobretudo, histórica! Porque um gajo que tem o complexo de Nero e que pode ser mesmo conhecido como o Nero de Alvor, não tem noções de conjuntura. Já para não falar que o pirómano português não respeita a cultura do seu país. Sempre que ouvem Camões, cospem para o chão em desdém. Sobretudo, quando ouvem que o “Amor é fogo que arde sem se ver.” Para eles, o amor é para maricas comos os poetas, porque procuram um sentimento que não se alastra por hectares. E acrescentam que os únicos sentimentos bons são os visíveis: fogo numa encosta, herpes genital e vídeos de gatinhos a tropeçar em degraus. Mas voltemos à falta de educação histórica.

Primeiro, se entra num pinhal como Nero a pensar que vai ver Roma a arder, há que explicar ao senhor que Roma era um pouco mais evoluída – já conheciam a argamassa e tudo. Se lhe derem formação, ele é bem menino para substituir as escarpas do Marão por Meróbriga ou Conimbriga, o que facilita o trabalho dos bombeiros, até porque a azulejaria demora mais a queimar do que uma acácia. 

 Segundo, pode olhar para os pinheiros e imaginar que são Joanas D’Arc mesmo a merecer uma chama no bucho. Cá esta: um pouco de formação para combater a anacronia e, porque não, dar-lhe oportunidade para ter um tête-a-tête com a Sónia Brazão, para ver se ela tem amigas que curtam cenas kinky’s com garrafões de gasóleo agrícola.

No fundo, pede-se aos pirómanos que não se desviem da sua vocação, mas que foquem os seus objetivos de maneira a não aleijar árvores e, ao mesmo tempo, enriquecem o currículo com formação em História. Ficam com tudo o que precisam para trabalharem como caixa no Pingo Doce.